Da série "as alegrias que a blogosfera me dá".
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Onde mais a gente consegue ler coisas assim, como a que escreveu o Daniel Brazil neste post aqui?
DUAS MULHERES
por Daniel Brazil
Ao folhear a Folha de SP distraidamente, neste domingo (20/01), me deparei com esta foto, na coluna da Mônica Bergamo. A matéria era sobre um desfile de modas numa casa elegante, e as duas figuras contrastantes me chamaram a atenção.
Duas mulheres, talvez da mesma idade, de mundos diferentes. A postura, olímpica de uma, submissa de outra. Os penteados, a maquiagem, as roupas, tudo demonstra existir um oceano entre elas. Mas achei notável que estivessem juntas numa coluna dita “social” de um jornalão de domingo.
A intenção da fotógrafa talvez tenha sido a de integrar dois mundos, mostrar quanto as mulheres podem ter em comum. Provar que, não importa onde tenham nascido, respiram o mesmo ar, freqüentam o mesmo ambiente, têm desejos semelhantes.
Fui à legenda, claro. A verdade estava lá inscrita, pétrea: “Fulana de Tal, vestindo Fórum Tufi Duek, na casa do estilista.” Só.
Apenas uma dessas mulheres existe, para o jornal. A outra pode ser confundida com um vaso ou um animal doméstico. Seu sorriso é uma miragem, seu corpo é uma abstração escondida sob o uniforme masculinizado. Talvez cozinhe melhor, cure melhor, console melhor, faça amor ou cuide dos filhos melhor que sua vizinha, mas isso não conta. Não merece ter o nome divulgado.
Aliás, não é gente. Não pode ter nome.
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“Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?!”
Gostei desse post, ressaltou a Maria do cotidiano, ressaltou gente! Que bom isso!!!
thanks, juju : )
Duas mulheres. Dois objetos.
Uma é objeto fútil. A outra é objeto útil.
Uma carrega a marca. A outra marca a própria ausência.
Cada uma “funcionando” na função que lhe coube nesse mundo de homens. Uma alimenta os olhos e alivia os bolsos, a outra alimenta a fome e limpa a casa.
Me lembrou aquela música do Chico: “O acaso faz com que essas duas / Que a sorte sempre separou / Se cruzem pela mesma rua / Olhando-se com a mesma dor / Que dia…”
Mas as nossas duas estão contentes… posando pra câmera e ficando “eternas”.
Puxa, que legal você ter lembrado esse poema do Bandeira! (Se é que é o mesmo a que estou me referindo, pois não vi muita ligação com o post). Mas esse “O Bicho” que me lembro foi o primeiro poema que me fez chorar na vida. Estava ilustrando algum capítulo de um livro didático, e eu devia ter uns 8 ou 9 anos quando o li pela primeira vez. Pra quem não lembra, vou copiá-lo aqui:
O Bicho – Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Bem, não é de hj que as coisas funcionam assim…
isso é triste, mas antes da tristeza vem a razão.
Manuel Bandeira já tinha pré – visto esse bixo que o se homem transforma.
Engraçado é, tentar buscar na imagem todas essas mulheres que os versos contam e cantam. As Lígias, Luisas, Fátimas e Marias não se vestem com grifes. Elas não usam perfumes franceses….elas são lindas, com a própria calidez de suas vidas. Não precisam de “muletas da estação” para serem quem realmente são.
Desabafo de quem também tem que ser Maria todo dia…