Ó eu falando sério
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Tô sentindo que fora as novidades do mundo 2.0, literatura é um dos temas preferidos por aqui. Pois bem. Outro dia achei o site da Biblioteca Nacional Portuguesa e eles tem uma coisa muito bonita por lá: um pedação da obra do Fernando Pessoa, original, digitalizada. Esse pedação compreende, por exemplo, a versão rascunhada, e a final, do Guardador de Rebanhos, do Alberto Caeiro. Tem textos escritos à mão (que confesso, são osso duro de decifrar) e textos datilografados, bem mais compreensíveis.
Acho algo de interessante ver os rabiscos dos autores. Com o computador a gente não vê mais essa parte, o processo. É meio que ver um pouco mais do sentimento, do pensamento de quem escreveu. Na exposição do Grinco Cardia também tem uns caderninhos de anotações dele e, simplesmente não dá pra acreditar como uma cabeça que produz tantas misturanças consegue ser tão organizada. Na exposição sobre o Grande Sertão: Veredas, que teve no Museu da Língua Portuguesa, também tinha uns rascunhos e raciocínios do Guimarães Rosa. Caramba. Acho um enorme privilégio ver essas coisas. Pena que já foi embora o rascunho desse post.
E a letra da Clarice é muito doida…
(OT: Rebs, cê recebeu meus e-mails?)
Prefiro “deter-me”.
Na exposição da Clarice Lispector no Museu da Língua Portuguesa, os rascunhos ficavam dentro de paredes inteiras de gavetas. Isso dava um sensação de enorme intimidade com a autora, a gente podia abrir as gavetas da Clarice e encontrar os seus rascunhos rasurados e reveladores.
Eu não tinha visto o site ainda… Quando fiz minhas pesquisas por lá, eles estavam montando.
: )
Rebecca, o Acervo de Escritores Mineiros é muito legal MESMO. 🙂
Tem um site: http://www.ufmg.br/aem
Tem toda uma área da teoria literária pra estudar essas coisas… o nome é crítica genética.
Eles estudam os rascunhos, correções, revisões nas edições feitas e uma coisa que eu acho deliciosa…. a correspondência entre os autores e seus renomados colegas (outros autores) e também familiares, inimigos, cobradores, etc…
Descobre-se cada coisa…
Na UFMG, vcs podem visitar o Acervo de Escritores Mineiros, no segundo andar da biblioteca central. Lá tem os livros que eles tinham (nas mesmas estantes…), as cartas, etc. É muito legal.
Rascunhos é a coisa crua, sem aquele acabamento final, com erros e todo aquele refinamento que o “mundo exterior” exige.
Porém é bem mais humano, real e próximo do autor.
Gosto muito de rascunhos justamente por ser um retrato mais fiel do que o autor queria dizer ou mostrar …. e nem sempre é alguma coisa simples de se compreender.